domingo, 27 de junho de 2010

Texdios 9

É que a lua não brilha tanto assim,
Sem suas palavras numa folha de marfim...
Sem o seu sussurro gorjeante,
Só meu jeito Claudicante...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Texdios 8

Acabei de ouvir o amor supremo...
Ainda não entendi bem o que aconteceu.
Só uma coisa, eu sei.
Foi lindo.
Faz algumas horas que eu ouvi,
Mas ainda assim, me sinto afetado.
Basta que eu pare de ouvir música,
Que vem a sensação de estar lá de novo.
Eu volto. Volto pr'aquela casa de shows.
Volto pro fim do show.
Pro momento em que o silêncio imperou
E eu tentei entender pela primeira vez
O que eu havia acabado de presenciar.
Você precisa de silêncio depois de ouvir
Uma coisa nesse gênero. Dessa magnitude.
Tem uma razão pra isso.
Eu acabei de ouvir todas as notas,
Todos os sons, que eu precisava ouvir.
Não restou nada pra ser dito ou tocado.
Depois do tudo, vem o nada...
Do som, o silêncio.
É que o tudo e o nada
São a mesma coisa.
Isso você só entende
No nada depois do tudo...
Nonada.
(...)
Travessia.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Texdios 7

Engraçado, as vezes a gente esquece as coisas.
Esquece das frases que a gente acha óbvias
E esquece nos momentos em que mais precisamos lembrar...
Que tudo é passageiro, tanto o bom quanto o mau...
Quando está tudo bem, é fácil. Você vê seu amigo, na sarjeta,
E diz: Isso também passará. Sábio pra caralho.
Daí vem a sua vez. Passa o bom, chega a tristeza.
Chegam os tempos difíceis, os tempos de aprender,
E cadê aquela sua frase, aquele seu saber?
Foi-se com a felicidade. É que o mundo acabou.
E o tempo passa, com ele passa a tristeza
E você volta a ser feliz, logo lembra da sua frase.
Mas dessa vez, você decide aproveitar.
Decide não esquecer.
Decidi escrever.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Texdios 6

Ando pensando...
Na validade de escrever um texto.
Porque... qual a sua intensão?
Convencer alguém de alguma coisa?
Botar pra fora os seus leões?
Texto é muito perigoso.
Primeiro, porque qualquer um escreve
O que bem entender.
Segundo, porque qualquer um lê
O que bem entender.
Exemplos, temos vários.
A comunicação é muito falha.
Meu mano J.C. que o diga...
Vê lá o que fizeram com as
Coisas bonitas que ele falou.
Por que eu continuo escrevendo?
Eu escrevo pra mim e pra mim só.
Deixo aqui, porque estimula.
Dá mais vontade de fazer texto.
Acho tão gostoso, escrever.
Que os outros entendam o que quiserem,
Já que, como dizia uma pessoa,
Tudo vale a pena se a alma não é pequena.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Texdios 5

As vezes a gente faz texto bonito...
Dá até gosto de ler.
Eu gostei muito daquele meu,
Aquele bem sofrido lá do começo.
Não é nem o conteúdo.
É a forma, eu achei tão elegante.
O som... não sei pra vocês:
Pra mim soa que nem música.
O jeito todo de assim se ler...
Sô só eu só?
Esse cá de baixo é feio.
Meio desabafo, não soa, não progride.
Vai indo, ficando puto e bravo,
Só cresce, cresce, cresce
E acaba assim.
Do nada.
Falta poesia nele...
Raiva não serve pra fazer arte...
Só serenidade.
Serenidade e tristeza.
Alegria.
Alegria e ironia também dá,
Fica legal... mas outro clima.
Outra onda.
Shhhhiuá,shhhhiuá...

Texdios 4

Hoje eu vou escrever sobre as dorgas.
Eu sou contra as drogas. Todas.
Álcool, cigarro, maconha, crack, heroína e etc.
Eu acho que assim... se você precisa distorcer a realidade
Pra que ela fique boa... bem, a sua vida é uma merda.
Mas também não vou ser radical com a vida dos outros.
As decisões que eu tomo na minha vida são de minha alçada,
As que você toma na sua, são de sua alçada.
Por isso, se você quer usar uma distorção ocasional,
Assim como num solo de guitarra,
Fique a vontade.
Lembrem só de não prejudicar os outros com isso...
Respeitar que, assim como você gosta de ficar doidão,
Com os olhos feito um vulcão,
A narina em carne viva,
A veia saltando de emoção,
Eu gosto de ficar na minha, tranquilão.
Numa boa, curtindo um batidão.
Sem estar doido.
Porra, se um amigo seu quiser parar de fumar
Dê apoio pra ele! Não joga fumaça na cara dele, caceta.
Não faz cara de feliz quando ele diz que vai fumar só dessa vez.
Cacete, por que eu tenho de dizer essas coisas pra você?
Você é burro nesse nível? Justo você, que se acha tão sabido?
Acorda, mongolóide! Vocẽ - está - doidão!
Você não distingue mais a realidade da ficção...
A ficção de que ser feliz é se divertir,
Que tudo fica melhor chapado.
É tudo uma mentirinha que a maconha contou pra você.
Sabe aquela outra, de que você pára quando quiser?
Pois é, mentirinha... pára porra nenhuma.
Quem vai parar sou eu.
Parar de escrever aqui, que já tô ficando puto...
Á É Í Ó
Á É Í Ó
Á É Í Ó
Á

sábado, 12 de junho de 2010

Texdios 3

Ê, vê lá... fim do dia dos namorados.
Mais um que eu passo solteiro.
Engraçado, hoje isso não tá me incomodando.
Eu tô bem tranks, até.
Curtindo o batidão que tá rolando aqui do lado de casa...
Volume máximo. Som a pino.
Uma merda.
Nem tô no pique de escrever, isso deve deixar o texto bem pequeno.
Espero que a galere vá bem amanhã na prova...
Tá rolando um samba bem legal aqui do lado, queria ir, mas nem rola.
Muito tarde já, e a preguiça tá batendo.
Beigos.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Texdios 2

Hoje eu tô meio deprê.
Deprê de assim... sabe? Tem ninguém lá.
Ninguém que dê pra... dar um abraço, não sei.
Ficá junto, só. Entende?
A sensação que eu tenho é de que a noite a gente se liberta.
De dia, comanda a massa, a multidão. Eles escolhem o que toca...
A noite, não. A noite tem menos público, dá pra experimentar.
Dá pra fazer o que você quiser no calado da noite.
Tocar jazz, assaltar, escrever texto, sentir só.
Sentir só. Toda a noite me dá essa sensação...
Eu tento mudar de assunto, enrolar. Mas eu quero falar disso.
Tem tempo já, eu procuro com quem ficar. Mas ninguém vale...
Vale, assim, quem não gosta de mim. Quem não quer nada comigo.
É normal do ser humano, isso, né? Querer quem não te quer.
Acho que é... Por isso namoro não dá certo.
Duas pessoas se querendo, assim, simultâneo?
Não dá. Não existe.
Tem lei natural que previne isso.
Deve ter...
Se não há, há de se criar...
Pra deixar fixo, sabe?
Song, song, song, sing,
Sing, sing, sing, song...

Texdios 1

A vontade agora é de escrever. Nada mais.
Bater no teclado, não importa o que... qualquer coisa, na realidade.
O começo de um romance? O fim de um poema? Não interessa...
Interessa a sensação das teclas batendo nos dedos, é uma boa sensação.
Acho que é por causa dela que eu fico tanto no computador...
Dá gosto digitar. É agradável, natural já. O problema é ter conteúdo.
Mas conteúdo as vezes não importa, as vezes importa a forma.
Falta do que dizer nunca foi problema pros grandes vendedores.
Por que seria pra mim? Ah é, porque eu tento ser artista.
Artista. Tem gente que acha que artista é importante, especial.
Eu digo: artista é que nem todo mundo, a diferença é que ganha notoriedade
e só é reconhecido como artista quem é grande artista.
Médico ruim ainda é médico, mas artista ruim não é artista.
Advogado ruim é adevogado, artista ruim é alcóolatra,
vagabundo, mendigo, poetero, tocadô de violão blém-blém.
Ator ruim é pastor.
Pintor ruim é vendedor de quadro de rua.
Cineasta ruim faz aquelas propagandas da Colgate.
Escritor ruim aparece em bar vendendo poesias sobre ursos e tanques de guerra.
Músico ruim mora no porão dos pais, tem quarenta anos e uma banda de rock que nunca estourou.
Acaba que quando você vai escrevendo você acaba ganhando assunto.
Podia ser assim numa conversa...
Você fala do tempo, ê diazin'.
Aí acaba. Você fica olhando o seu companheiro de papo, desvia o olho.
Os dois ficam com cara de tacho enquanto pensam num papo.
Mas acho que eu me precipitei.
Esse texto é igualzinho a um diálogo, só que eu tenho mais tempo pra pensar e escrever.
Aí não parece tão idiota.
Até porque, esse texto é um diálogo d'eu falando com meu-eu do passado.
Passado que foi lá que eu escrevi o texto com o qual eu tô falando, que sô eu.
Tanto que de começo, falei nada. Prolixei um pouco até pegar no embalo.
Embalei num assunto, assuntei e assuntei até acabar o assunto...
Aí eu apelei pra metalingüagem. Comecei a falar do texto no texto.
E cá estou.
Pá pá
P.
á