segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Texdios 50

Sei que não sou a pessoa mais adequada para falar disso;
Sei também que quase ninguém lerá isso.
Mas: foda-se. São uma e meia da manhã e eu bebi um pouco,
Falo sobre o que eu quiser.
A instância do relacionamento é algo bem interessante.
Baseado em minhas próprias experiências
(E nas que venho vendo recentemente de meus amigos)
Posso afirmar categoricamente que namoros são bengalas.
Tudo na vida é passageiro, por que isso seria diferente?
O namoro é uma criação artificial cuja função é
(não a felicidade)
A segurança.
Casais não são instâncias plenamente felizes;
O começo de uma relação é sempre bonito.
Muito sexo, pouca discussão.
Mas chega um ponto em que, naturalmente,
As discussões aumentam.
Até porque, o convívio contínuo com alguém
Faz com que você canse da pessoa.
Ninguém se entende plenamente;
Todos temos hábitos bizarros
E todos nos apegamos à ideia de que
Ter uma pessoa pra foder constantemente
Vale todos os perrengues do mundo.
Precisamos de um novo modelo de relacionamento:
Simplesmente passar um tempo com a pessoa,
Não ter obrigações nesse sentido.
Da mesma forma que você sai com seus amigos,
Mas tem seu tempo sozinho,
Você deve sair com alguém com quem você transe.
Estou um pouco atrasado nesse texto,
Isso tem sido feito cada vez com mais frequência.
Na vida, às vezes demoramos para entender as coisas, fazer o que?
Mas eu precisava oficializar essa realização.
Culpem o divórcio de meus pais,
Mas divorciem-se de ideais falsos,
Da ideia que diz:
Pessoas já se casaram por amor.
Casamento é associado a união de bens desde que o mundo é mundo.
Que fazemos nessa vida, afinal?
O Niilismo do século XXI cada vez fica mais claro... será que é um mal de minha época?
Nietzsche... a negação em seu próprio nome...
Нет...

sábado, 5 de novembro de 2011

Texdios 49

Dê um bouquet a uma dama
Para um bouquet te receber...

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Texdios 48

Há uma subcultura dos paciêntes do SUS que esperam seus tratamentos
e batem papos nas filas; é mais respeitado quem tem o maior tumor.
Tumores deformadores são os mais desejados, sendo verdadeiros
representantes de virilidade e poder.
Mas é claro, há uma gradação referente a localização:
um tumor no testículo vale mais que mil tumores no intestino grosso.
Há um quê de nobreza em gônadas gigantescas que servem de cadeira,
estando o paciente sempre confortável durante a espera na fila.
A honra é muito importante nesse meio. Pacientes terminais são ouvidos;
Portam uma sabedoria desmedida sobre tudo que foi e tudo que será.
Não há distinções por classe social, raça ou credo.
Só há distinções por tumores.
A honra máxima é a morte; o sacrifício final.
Há algo que se entender nisso tudo:
Um paciente que se cura é um assassino.
Ele mata seu tumor, acaba com a sua vida, o que é uma ofensa gravíssima
numa sociedade de tumores.
Nesse meio, as pessoas entendem seus papéis de maneira singular.
Elas são meros alimentos, portadoras de algo muito maior.
Cápsulas que carregam consciências que formam uma consciência única
chamada Câncer.
Os que morrem são os grandes heróis que deram o máximo de suas vidas
para que o bem maior fosse atingido.
Pois o que vale é o Câncer,
Algo menos humano
e muito mais do que humano...

sábado, 11 de junho de 2011

Texdios 47

O fim, fim de mim, fim assim;
No branco do marfim,
Acertado erro marcado
O mundo findo, acabado.
Ser; se há de ser assim.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Texdios 46

Quantas vezes já não me peguei escutando
4'33'' no calado da noite, em minha varanda...
A lua olhando pra mim enquanto eu,
Deitado na minha esteira,
A briza em meu rosto
Cantando canções de amor...
Meu coração pulsando,
Dando o compasso do meu pensamento:
Vem o vento, e vem o vento...
Quem disser que não é música
O que escuto nesse momento
É porque é surdo e desatento:
Pois até quem não ouve
Pode escutar música.

Texdios 45

Senti que rolou essa conexão entre nós...
Seus olhos castanhos olharam dentro dos meus;
E nossas peles gritaram
Que queriam ser
Da cor de nossos olhos.
Eu no samba, você no soul:
Cada um buscando a ginga,
O molejo que nossa cor nos nega...

domingo, 1 de maio de 2011

Texdios 44

Me pergunto agora se tudo não passa de uma fuga.
Escrever poesias, contos, músicas; já quis ser grande.
Ser eterno.
Hoje tive a impressão de que só faço essas coisas pra não precisar viver.
Pra que fazer algo se eu tenho a ímpar capacidade de cunhar frases irônicas sobre tudo?
Tem-se o artista por grande...
Finge tão completamente,
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente... de repente a gente entende...

Texdios 43

Às vezes um texto pede pra ser escrito...
Geralmente é de madrugada, fim de festa.
Não sei, me sinto sempre num fim de filme.
Aqueles filmes em que tudo dá errado,
Mas no final o sol nasce e tá maneiro.
Porque a vida é assim mesmo...
Um breve momento onde tudo dá errado
Com um lindo nascer do sol no fim de cada erro.
Taí, tá maneiro.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Texdios 42

BOQUETE
BBOQUET
BBBOQUE
BBBBOQU
BBBBBOQ
BBBBBBO
BBBBBBB
Gulp.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Texdios 41

Só pra passar a limpo,
Começar uma fase nova mesmo.
Shhhhhhuááá, ,shhhhhhuááá....
Capoeira que é bom não cai...

quinta-feira, 24 de março de 2011

Texdios 40

Fazia cinco anos que eu não chorava...
Ontem isso mudou; chorei o que não tinha chorado
Nesses cinco anos de lágrimas de crocodilo.
Não sei se alguém entende o que eu escrevo,
Nem se sobrou alguém pra quem escrever...
Chorei hoje de manhã, chorei de balbuciar.
São momentos... ora racionais, ora emotivos...
Fica a saudade, vontade de estar junto;
O tão perto, mas tão longe...
A gente espera ter significância, sabe?
E no final a gente vê o quão efêmera
Foi nossa influência em alguém
Que importou tanto na nossa vida.
Acho que isso é o que dói mais:
O orgulho ferido.
Pra um insensível
Que não sente a dor dos outros
(Nem é a própria dor)
Nada é pior do que saber
Que não se é uma rocha firme
Onde os outros podem buscar apoio.
Nada pior do que admitir que chorou,
Que chorou o nilo em uma noite;
Que fez dilúvio na manhã seguinte
E que não sabe quando fará chover de novo...

quinta-feira, 10 de março de 2011

Texdios 39

Ultimamente eu evitei falar disso, tentei até me enganar.
Mas não dá, ou eu boto pra fora ou fico maluco...
A verdade é que o carnaval me incomoda, me faz mal.
Não é a folia, não são os foliões. Não é o barulho, não é a confusão...
Nada disso me incomoda.
Se tenho disposição, consigo até me divertir bastante num bloco.
É uma festa da qual eu não participo, não importando onde eu esteja.
Seja numa casa isolada na serra ou no meio de um bloco;
Eu não pertenço ao carnaval.
Quando tento participar a sensação
É a de que estou numa festa onde não conheço ninguém.
Mesmo os conhecidos são desconhecidos...
Quando estou em casa, sinto que todos estão se divertindo
E eu fiquei de fora; Mas eu escolho ficar de fora!
Passo uma semana horrível sem parar de pensar
E pensar sempre nas piores coisas;
Síndromes de pobre coitado, de mal amado;
De várias merdas.
Tudo falso...
Na hora é difícil enxergar.
As pessoas falam de carnaval
E isso me dá um mal-estar físico:
Meu estômago se embrulha, eu perco a fome...
Tudo porque alguém disse
"Não me leve a mal, que hoje é carnaval..."
Só consigo passar bem pelo carnaval me anestesiando.
Seja atirando em alguém num jogo,
Fugindo pra uma fazenda bucólica em Minas Gerais
Ou bebendo até parar de pensar.
Não acho que a festa seja um erro,
Não acho que ela deva parar.
A maioria gosta, não serei eu o chato a reclamar do barulho.
Eu fico na minha e aguento;
Afinal, é só por uma semana...
Mas com certeza é a pior semana do meu ano.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Texdios 38

Às vezes eu abro minhas próprias ideias
E vejo se alguém colocou algo novo lá
Acho estranho nunca estar atualizado
Muito embora seja eu o responsável
Por esse ambiente desértico.
O que eu espero encontrar?
Nada. Eu sei o que vou encontrar.
Mesmo assim, insisto em olhar,
Em buscar algo novo.
Mas nunca há...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Texdios 37

Micropeça em três atos
PRIMEIRO ATO
Blackout; foco de luz no centro, um homem sentado numa cadeira começa seu monólogo
MONTENEGRO: Toda vez que você for se despedir, faz isso como se você soubesse que vai morrer. Desse jeito, quando você morrer de verdade, vai parecer que sabia das coisas e entrar pra história.
Fade Out na luz
SEGUNDO ATO
Iluminação total do palco, dois indivíduos conversam no canto esquerdo.
SILVANA: 'cê acha que pra amanhã consegue gravar o CD pra mim, então?
FABIN: Silvana, eu não sei. Acho que o dia de amanhã não sorrirá para mim... quando o sol da manhã tocar minha carne, ela estará gelada e num leve grau de putrefação. Creio eu já ser alimento de verme, só ainda o não saber. No estado em que se encontra meu corpo, a fina linha entre cadáver e ser vivo já foi rompida tem tempo. Minha mente voa e não atinge o céu... sobrou-me somente o inferno onde caminho; quanto mais voa minha mente, mais meu corpo caminha no fogo.
SILVANA: Ai, pára com isso, Fabin! Todo dia essa mesma baboseira... traz o CD, sem desculpas!
FABIN: (num tom de voz apático) Como você preferir...
Blackout; (Silvana sai de cena) Fabin e Montenegro devem posicionar-se rapidamente no centro do palco, de forma que a luz possa acender o mais rápido possível mostrando-os estáticos, começando a conversar. A cena inteira deve ter tensão sexual intensa.
FABIN: É hoje que você me leva, Montenegro?
MONTENEGRO: Sim, hoje é o dia, como em todos os dias. Só quem se segura é você.
FABIN: É hoje, então. Agora eu tô pronto... Adeus.
MONTENEGRO: Eu encontro com você até no inferno.
Blackout; (Fabin sai de cena) Montenegro e Silvana devem posicionar-se rapidamente à direita do palco, de forma que a luz possa acender o mais rápido possível mostrando-os estáticos, começando a conversar.
SILVANA: Que cara é essa, Montenegro?
MONTENEGRO: (com um olhar distante de quem não aceita a realidade) O Fabin morre-re-re-re-u...
SILVANA: Deixa de palhaçada!
MONTENEGRO: Não faço palhaçada e você sabe disso.
SILVANA: (começando a chorar) Mas... como pode?
MONTENEGRO: Morreu de morte morrida. O coração não quis mais bater; fez tum tum tum feito uma escola de samba e depois parou.
SILVANA: (gritando enquanto cai no chão de joelhos) Fabiiiiiiiin!
Fade out na luz
TERCEIRO ATO
Luz acende vagarosamente; Montenegro está sentado na mesma posição do primeiro ato. Atrás dele, Fabin e Silvana fazem movimentos de dança abstrata apaticamente
MONTENEGRO: Fabin cometeu um erro básico. Ninguém conhecia ele, só a Silvana. A Silvana nunca foi uma pessoa de valor, morreu na bobeira também. Nunca ouviram a história de Fabin, Fabin nunca teve história pra ser escrita. Mas se no fim tudo se acaba, se a morte torna todo o mundo uma ilusão, de que vale viver? Vale mais morrer com estilo do que viver sem razão. Por que não plantar bananeira antes de se jogar da ponte? Se é pra acabar, que seja um gran finale!
O ator deve virar de costas, pegar um revólver que está escondido atrás da cadiera e dar um tiro em sua própria cabeça de forma que sangue e cérebro voem na platéia. Isto não deve ser interpretado, deve ser realizado. O suicídio é crucial para o funcionamento da peça. Fabin e Silvana permancem dançando apáticos enquanto o pano desce.

O FIM.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Texdios 36

Quantas gotas,
Quantas gotas caem
Do rosto sorridente
Da triste atriz teatral...
Lágrimas pecualiares;
Pois não param de cair,
Mas caem em pequenos grupos
Tal qual estivessem sendo
Colocadas por um conta gotas
Numa desmedida medida
Que enche de lágrimas o chão

domingo, 23 de janeiro de 2011

Texdios 35

Apresentaram-me, certa vez,
Um papel branco devoido
De significado.
Disseram-me
Que eu deveria preenchê-lo
Com tudo o que há neste universo
Porém, o que fiz foi o inverso:
O papel de voidado, nada tinha;
Estava cheio de ponta a ponta
Com rabiscos acadêmicos
Irregularmente homogêneos.
Tornei-o o que deveria ser,
Um
Vazio orgânico inexplicavelmente desagradável.

Texdios 34

Eu sou o maior poeta do século vinte e um!
Sei disso pois conheço o filho
Do único psicólogo do Brasil!
E esse rapaz mesmo já me disse:
Maior que você, não há!
Só há poetas menores;
Tal qual aquele poeta
Menor, menor, menor, menor... me
Diga quem conseguir dizer o contrário;
Apresentem-me, pois, um poeta vivo
Maior do que eu -eu -eu;
Que escreverei um poema em sua homenagem
Para mostrar-lhe o que é a verdadeira
Poesia marginal digressista
Altamente eloquente em seu próprio
Ser-se-eu de meu.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Texdios 33

Agora entendo, finalmente,
Porque eu escrevo.
Não é porque eu tenho algo a dizer;
Não é porque eu gosto;
Não e porque os outros gostam:
É porque eu preciso!
Sem criar, sem escrever,
Sei que vou enlouquecer.
Seja música, seja poesia,
Seja noite, seja dia
Seja conto ou romance
Demorado ou de relance;
Basta que seja meu-eu-eu!

Texdios 32

Tem dias que a gente escreve muito
Tem dias que a gente escreve pouco
Tem dias que um nasce defunto
Tem dias que nasce um natimorto
No fundo, no fundo
No fundo, no fundo
No fundo, no fundo
No fundo, no fundo
No fundo, no fundo
Nó fundo, no fundo
No fundo, no fundo
No fundo, no fundo
No fundo, no fundo
No fundo, no fundo
No fundo, no fundo
No fundo, no fundo
No fundo, no fundo
No fundo, nó fundo
Não faz difeeerença.
Importa o tic tac
Tic tac, tic tac, tic tac.
Afinal,
"Meu pai era Relojoeiro;
Quando Einstein descobriu que o tempo é relativo,
abandonou a profissão."

Texdios 31

O mundo anda muito cético,
Precisamos de um sonhador!
Enquanto isso, eu ando na corda bamba.
O século XXI é realista ao extremo.
Ao menos o são todos ao meu redor.
Quero ser essa pessoa que sonha,
Mas enxergo a realidade:
Se sonhar, sei que vou cair.
Tiro os pés do chão,
Logo volto.
Tenho medo da grande queda
Pois enxergo toda sua altura.
Escolho cair enquanto ainda vôo baixo;
Atitude medrosa.
Ou seria sabedoria?
Aguardo o dia em que cairei conscientemente,
Sabendo a queda que me espera e a dor que sentirei.
Nesse dia, aguentarei a queda como JC a cruz.
Morrerei rapidamente para voltar bendito;
Pois é vendo o fundo do poço que se voa com os pés no chão.

Texdios 30

As vezes eu me pergunto
Se eu tenho razão pra escrever.
Se eu tenho o que dizer;
Se eu só me repito.
E isso mesmo, esse questionamento,
Já não o escrevi antes?
"Everything is copy of a copy..."
Cuidado:
A sombra sonda a esquina sutilmente;
Bobeou, fica no escuro.
E esse é o maior mal: A cegueira.
Há quem diga que tem cura...
Espero que sim.
Cegueira sutil...
Você vê, mas escolhe ignorar.
A gente acha que não,
Mas faz muito isso.
A questão não é errar:
É admitir o erro.
Não para os outros!
Para si.
Afinal, é a única pessoa
Que nós realmente podemos enganar.
Os outros estão sempre enganados,
Se enganando.
Se engana achando que é poeta;
Inteligente; especial; criador.
O que estou tentando provar?
Eu sei bem o que é...
Se quero ver ou não,
Aí é outra história...